quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Camaradas traem camaradas e perde-se a camaradagem

Por: Francisco J. P. Chuquela

O Estado moçambicano é chefiado por um veterano da luta armada de libertação do país do jugo colonialista e, o seu governo é maioritariamente, se não completamente, constituído por militantes da mesma luta e da guerra dos dezasseis anos.

Durante os anos de guerra, eram milhares e milhares de militantes a jurarem entregar a vida em troca de um país livre da brutalidade, mas no fim da luta, foram arquitectados dois grupos: o dos heróis ou veteranos de luta, donos de privilégios e detentores do poder e, o dos desmobilizados de guerra ou antigos combatentes.

É que, depois dos conflitos armados, quando foram recolhidos e arrumados os instrumentos de guerra, foi também arrumado, à maneira de descartar, um número sem fim de militantes, alguns com deficiências física e psicológica, lavradas no combate pela pátria.

Na luta, com as armas a descarregarem o peso nos rostos de todos, chamavam-se de camaradas e eram unidos, segundo reza a história, pois lutavam pela mesma causa e defendiam os mesmos interesses, mas hoje há, por exemplo, um Alberto Chipande no topo e um Jossias Matsena ou Hermínio dos Santos nas cinzas.

Os desmobilizados de guerra, que antes eram perseguidores dos inimigos do país, hoje são espezinhados e perseguidos pelos antigos camaradas. Exemplo disso é a marginalização, pelas elites governamentais, e a violência, pelas autoridades policiais, aos desmobilizados de guerra, na vez de reivindicarem aquilo que julgam serem os seus direitos.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Ensino superior torna-se um dos grandes negócios do governo

Por: Francisco J. P. Chuquela

Quanto mais adulterado, deficiente e desprezível, a Educação Superior, em Moçambique, torna-se cada vez mais cara e um investimento impossível aos bolsos de baixa renda.

Exemplo concreto desta alusão é o comportamento da maior e mais antiga instituição do ensino superior no país, a Universidade Eduardo Mondlane, que vive criando barreiras aos moçambicanos de baixa renda que sonham com o nível superior de habilitações literárias.

Depois de agravar as taxas de matrícula e de inscrição por cadeira semestral em 400% no início do ano 2011, a Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, ameaçou, nos finais do mesmo ano, agravar, sem pré-aviso, em aproximadamente 800%, a taxa de renovação da matrícula.

Recorde-se que esses agravamentos estão a ser praticados por uma universidade pública numa altura em que as empresas dos sectores privado e público reclamam a mão-de-obra qualificada porque o ensino em Moçambique é fraco. A política educacional é desprezível e infantil. Chegam ao ensino superior estudantes que usufruíram de passagens automáticas nos níveis anteriores.

Deixando de lado a taxa da matrícula, que passa a custar 600.00MT, e o resto das formas de negócio que lá estão, se a inscrição por cadeira semestral custa 420.00MT, para um exemplo de sete cadeiras e as mensalidades do pós-laboral que chegam a passar 3.000.00MT com o salário mínimo nacional na casa dos 2000.00MT, o ensino superior é para todos?