quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Estudantes da UEM e o alcóol

“O álcool é o calcanhar de Aquiles de quase metade dos estudantes da UEM” considerou Nelson Maquile, numa palestra realizada na faculdade de Medicina da UEM em Maputo, na sequência das celebrações do décimo oitavo aniversário da AEU-UEM. Maquile chegou a essas conclusões com base num estudo sobre a matéria que constatou que 49% dos estudantes da UEM são bebedores problema. Com o título “A bebedeira e o perfi l dos estudantes da UEM: Consumidor de risco, dependente ou alcoólatra” o estudo reuniu uma amostra de 100 entre 1000 e 2000 estudantes das residências universitárias, a maior parte com 27 anos d o s quais 30% do sexo feminino Outras constatações e resultados dão conta de que, nesse universo, 50% dos estudantes pertencem ao grupo dos consumidores de risco; 35% dos dependentes e 14% são alcoólatras. Neste último, 36% são mulheres e 64% homens, a maior parte deles “solteiros”. As residências universitárias 6 e 7, vulgarmente conhecidas por Tangará, registaram 30% de consumidores assumidos. Face ao cenário, o orador explicou que a tendência é causada por várias razões, destacando-se, entre elas, a falta de actividades culturais e desportivas nos meandros universitário, como também por razões pessoais. Nesse ângulo, a fonte adiantou que muitos estudantes inquiridos justifi caram a postura pelo facto de o álcool contribuir para o combate ao stress, promover um estado afectivo agradável, como também os ajuda a viverem na utopia de bem-estar e, por último, por aumentar a actividade e o desejo sexual.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

"Afinal para que serve o cartão de estudante?"


O Campus saiu às ruas da cidade de Maputo, para tentar perceber que vantagens o cartão de estudante confere aos seus utentes. No terreno constatámos que, para além da requisição de livros, e da renovação de matrículas, aquele dispositivo serve para pouco mais...

São nove e picos da manhã e o sol ainda não se decidiu a nascer, o vento desliza pelas ruas, aquieta-se nas bermas das paredes, assobia nas poças de água suja e a cidade de Maputo já regista um movimento invulgar. Na paragem dos Transportes Públicos de Maputo (TPM), em frente à Escola Secundária Josina Machel uma porta se abre: entramos num machimbombo e seguimos a rota Museu/Zimpeto com o objectivo de verifi car, no local de chegada, se o facto de possuirmos um cartão de estudante reduz o valor do bilhete. Debalde. No destino, leia-se bairro do Jardim, o revisor recusou-se a fazer qualquer desconto, mesmo depois de termos apresentado o cartão de estudante. Continuando com o roteiro, vimos, mais uma vez, os nossos objectivos frustrados em três livrarias, onde com a ajuda do cartão pretendíamos adquirir um dicionário de língua portuguesa, cujo valor pecuniário ultrapassava as nossas capacidades fi nanceiras. A seguir fomos a alguns restaurantes e bares para tomar um refresco, porém o problema continuou, até chegarmos a uma loja onde as coisas atingiram o extremo, quando o vendedor/ proprietário afi rmou não se lembrar de ter ouvido falar de descontos para estudantes. De acordo com o mesmo, os clientes do seu estabelecimento são medidos com base no seu bolso e não por questões académicas. “Isso de benefi ciar de descontos é lá nas universidades, aqui não funciona”, afi rmou a fonte. Apesar de tudo, depois de várias consultas, fi cámos a saber que nem sempre as coisas constituem um calvário quando se pretende usar o cartão fora das universidades. Além da academia, há locais e ocasiões em que a sua entrada ou acesso aos serviços estão condicionados à apresentação da cartolina. Nesta ordem de ideias, destacam-se os museus, as discotecas e alguns locais de espectáculo, embora nos dois últimos casos as vantagens mudem de acordo com a vontade dos proprietários ou organizadores dos eventos. Quanto aos museus, o acesso a estudantes é gratuito, contanto que apresentem o cartão que os identifi ca. Caso não, sujeitam-se a pagar o valor estabelecido no local. Portanto, com base nesta experiência, a nossa equipa de reportagem ouviu vários actores do processo a fi m de colher os seus pontos de vista e as razões que eventualmente podem estar por detrás do problema. Como resultado, apurou-se uma série de reclamações, sugestões, queixas e promessas. Algo envolvido num clima em que os estudantes e as suas associações, empresas e estabelecimentos comerciais, cada grupo de forma singular, procura levar a água ao seu moinho. E no estrangeiro? Em países como Portugal, Brasil, África do Sul e outros, o cenário é diferente. Nessas latitudes, até as escolas do ensino básico a funcionar em zonas mais recônditas adoptam cartões de estudantes com vantagens que vão para além da identifi cação. Essas benesses traduzem-se muitas vezes em descontos nas operadoras de transportes aéreos, rodoviários e não só. Há também uma série de promoções para estudantes nos estabelecimentos comerciais como: casas de entretenimento, restaurantes, cinemas, lojas e livrarias. Tomando como exemplo Portugal, alguns bancos estabelecem protocolos através dos quais as instituições adoptam como Cartão de Estudante, o cartão magnético. Por outro lado, apoiam conferências e seminários realizados pelas universidades e concedem prémios em dinheiro aos melhores alunos fi nalistas das instituições, em cada ano lectivo. Associações dos estudantes Estas entidades reconhecem a existência do problema, todavia, garantem que os ventos que soprarem nos próximos dias trarão notícias boas sobre o assunto, pois há uma série de medidas a serem desenvolvidas nesse sentido. Segundo fontes da AEU-UEM, esta instituição está a trabalhar no sentido de inverter o quadro. E, em resultado desse esforço, assinou-se no dia 14 de Agosto um memorando de entendimento com a Gringo, um grupo moçambicano dedicado à venda de vestuário. O acordo assinado prevê um desconto de 20% para todos os estudantes da UEM que comprarem qualquer artigo da marca Gringo nas suas lojas, excepto os que estiverem em promoção. “Aos estudantes bastará exibir o cartão para fazer o usufruto do acordo... estão em curso negociações com livrarias e casas de entretenimento para a concessão de descontos similares”, pode ler-se num documento recebido na nossa Redacção. Por outro lado, sem precisar datas, muito menos os mecanismos, informações que nos vieram do Instituto Superior de Ciências e Tecnologias de Moçambique (ISCTEM), dão conta de que, brevemente, a instituição vai contar com um novo cartão de estudante. Nesse depoimento falou-se igualmente da possibilidade de a nova geração de cartões apresentar uma série de bónus. Como exemplo, a nossa fonte adiantou que os estudantes do ISCTEM vão passar a benefi ciar de descontos na compra de artigos em lojas como a Classics, Bayana e Livraria Minerva. Empresas e estabelecimentos comerciais Por sua vez, as empresas, instituições, e os vários estabelecimentos comerciais divergem na forma de abordagem em relação ao assunto. Sendo assim, algumas livrarias da cidade defendem que só oferecem descontos a empresas que compram em grandes quantidade, para depois sublinhar que nalgumas vezes concedem descontos de 10% às faculdades que se mostram interessadas. Porém, outros garantiram-nos que nunca foram abordados para tais propósitos, porque, se fosse o caso, aceitariam sem pestanejar. E acrescentam: “Seria uma boa oportunidade para promover os nossos produtos e serviços nas universidades e escolas”. O testemunho dos estudantes Regina Paulo é estudante do terceiro ano do curso de direito na UCM em Nampula. Para ela, além do uso normal como instrumento de identifi cação académica e ingresso nas bibliotecas, este dispositivo tem sido pouco útil. Segundo a mesma, o cartão é importante nalgumas vezes quando certas transportadoras aéreas decidem fazer promoções para estudantes nas suas tarifas. Mas, diz que devia haver mais oportunidades. “É difícil estudar nessas condições...” Uma estudante da Faculdade de Direito da UEM, que resolveu falar na condição de anonimato, diz ser difícil formar-se nessas condições. A vida de estudante em Moçambique é um martírio, devia haver políticas e medidas que visassem benefi ciar essa classe. Os livros são caros, principalmente para o estudante com poucos recursos, como um bolseiro. “Vou falar-lhe de mim como o exemplo mais prático e simples. Veja só, estudo direito, sou bolseira e através do Orçamento Geral do Estado recebo1350 meticais por mês. Essa quantia não cobre a compra do meu material, basta lembrar que um código do processo penal custa 1200 meticais nas livrarias da praça. Então, como é que vamos produzir um conhecimento de qualidade nessas condições?”. E vai longe: “Penso que é por essas e outras razões que os nossos dirigentes mandam os seus fi lhos estudar na Europa”. “Existem polícias que recusam o cartão...” Segundo Eusébio Augusto, a frequentar o curso de Português na UP em Lichinga o cenário é lastimável. Para ele, há falta de consideração em relação ao estudante. Esporadicamente, aparecem casos caricatos em que alguns polícias recusam o cartão como meio de identifi cação, alegando desconhecê-lo. E questiona: “Como é que as coisas vão andar bem, se até as autoridades policias ignoram o valor do estudante como a seiva desta nação?”. Portanto, para Eusébio, esse trabalho devia mobilizar a todos, incluindo o Estado. “Devia-se legislar sobre o assunto...” Nessa ordem de ideias, há estudantes que propõem a necessidade de criação de legislação visando criar benefícios em certas áreas como assistência médica, transporte, etc. Um deles é Bertino Alberto, da Faculdade de Direito da UEM, que acha ser insignifi cante o reconhecimento ao estudante que se verifi ca no país. “Muitas vezes, quando se negoceiam alguns assuntos, não passam de actos sem fundamento jurídico e, normalmente, as faculdades fazem-no de forma isolada”. Rematou. Afi nal, para que serve o cartão de estudante? Eis a questão do debate que @Campus coloca, por via das sensibilidades dos vários estudantes espalhados pelo país fora.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

"Manifesto de Obama para os alunos"

O presidente americano Barack Obama falou aos alunos da América
Sei que para muitos de vocês hoje é o primeiro dia de aulas, e para os que entraram para o jardim infantil, para a escola primária ou secundária, é o primeiro dia numa nova escola, por isso é compreensível que estejam um pouco nervosos. Também deve haver alguns alunos mais velhos, contentes por saberem que já só lhes falta um ano. Mas, estejam em que ano estiverem, muitos devem ter pena por as férias de Verão terem acabado e já não poderem ficar até mais tarde na cama.

Também conheço essa sensação. Quando era miúdo, a minha família viveu alguns anos na Indonésia e a minha mãe não tinha dinheiro para me mandar para a escola onde andavam os outros miúdos americanos. Foi por isso que ela decidiu dar-me ela própria umas lições extras, segunda a sexta-feira, às 4h30 da manhã.

A ideia de me levantar àquela hora não me agradava por aí além. Adormeci muitas vezes sentado à mesa da cozinha. Mas quando eu me queixava a minha mãe respondia-me: "Olha que isto para mim também não é pêra doce, meu malandro..."

Tenho consciência de que alguns de vocês ainda estão a adaptar-se ao regresso às aulas, mas hoje estou aqui porque tenho um assunto importante a discutir convosco. Quero falar convosco da vossa educação e daquilo que se espera de vocês neste novo ano escolar.

Já fiz muitos discursos sobre educação, e falei muito de responsabilidade. Falei da responsabilidade dos vossos professores de vos motivarem, de vos fazerem ter vontade de aprender. Falei da responsabilidade dos vossos pais de vos manterem no bom caminho, de se assegurarem de que vocês fazem os trabalhos de casa e não passam o dia à frente da televisão ou a jogar com a Xbox. Falei da responsabilidade do vosso governo de estabelecer padrões elevados, de apoiar os professores e os directores das escolas e de melhorar as que não estão a funcionar bem e onde os alunos não têm as oportunidades que merecem.

No entanto, a verdade é que nem os professores e os pais mais dedicados, nem as melhores escolas do mundo são capazes do que quer que seja se vocês não assumirem as vossas responsabilidades. Se vocês não forem às aulas, não prestarem atenção a esses professores, aos vossos avós e aos outros adultos e não trabalharem duramente, como terão de fazer se quiserem ser bem sucedidos.

E hoje é nesse assunto que quero concentrar-me: na responsabilidade de cada um de vocês pela sua própria educação.

Todos vocês são bons em alguma coisa. Não há nenhum que não tenha alguma coisa a dar. E é a vocês que cabe descobrir do que se trata. É essa oportunidade que a educação vos proporciona.

Talvez tenham a capacidade de ser bons escritores - suficientemente bons para escreverem livros ou artigos para jornais -, mas se não fizerem o trabalho de Inglês podem nunca vir a sabê-lo. Talvez sejam pessoas inovadoras ou inventores - quem sabe capazes de criar o próximo iPhone ou um novo medicamento ou vacina -, mas se não fizerem o projecto de Ciências podem não vir a percebê-lo. Talvez possam vir a ser mayors ou senadores, ou juízes do Supremo Tribunal, mas se não participarem nos debates dos clubes da vossa escola podem nunca vir a sabê-lo.

No entanto, escolham o que escolherem fazer com a vossa vida, garanto-vos que não será possível a não ser que estudem. Querem ser médicos, professores ou polícias? Querem ser enfermeiros, arquitectos, advogados ou militares? Para qualquer dessas carreiras é preciso ter estudos. Não podem deixar a escola e esperar arranjar um bom emprego. Têm de trabalhar, estudar, aprender para isso.

E não é só para as vossas vidas e para o vosso futuro que isto é importante. O que vocês fizerem com os vossos estudos vai decidir nada mais nada menos que o futuro do nosso país. Aquilo que aprenderem na escola agora vai decidir se enquanto país estaremos à altura dos desafios do futuro.

Vão precisar dos conhecimentos e das competências que se aprendem e desenvolvem nas ciências e na matemática para curar doenças como o cancro e a sida e para desenvolver novas tecnologias energéticas que protejam o ambiente. Vão precisar da penetração e do sentido crítico que se desenvolvem na história e nas ciências sociais para que deixe de haver pobres e sem-abrigo, para combater o crime e a discriminação e para tornar o nosso país mais justo e mais livre. Vão precisar da criatividade e do engenho que se desenvolvem em todas as disciplinas para criar novas empresas que criem novos empregos e desenvolvam a economia.

Precisamos que todos vocês desenvolvam os vossos talentos, competências e intelectos para ajudarem a resolver os nossos problemas mais difíceis. Se não o fizerem - se abandonarem a escola -, não é só a vocês mesmos que estão a abandonar, é ao vosso país.

Eu sei que não é fácil ter bons resultados na escola. Tenho consciência de que muitos têm dificuldades na vossa vida que dificultam a tarefa de se concentrarem nos estudos. Percebo isso, e sei do que estou a falar. O meu pai deixou a nossa família quando eu tinha dois anos e eu fui criado só pela minha mãe, que teve muitas vezes dificuldade em pagar as contas e nem sempre nos conseguia dar as coisas que os outros miúdos tinham. Tive muitas vezes pena de não ter um pai na minha vida. Senti-me sozinho e tive a impressão que não me adaptava, e por isso nem sempre conseguia concentrar-me nos estudos como devia. E a minha vida podia muito bem ter dado para o torto.

Mas tive sorte. Tive muitas segundas oportunidades e consegui ir para a faculdade, estudar Direito e realizar os meus sonhos. A minha mulher, a nossa primeira-dama, Michelle Obama, tem uma história parecida com a minha. Nem o pai nem a mãe dela estudaram e não eram ricos. No entanto, trabalharam muito, e ela própria trabalhou muito para poder frequentar as melhores escolas do nosso país.

Alguns de vocês podem não ter tido estas oportunidades. Talvez não haja nas vossas vidas adultos capazes de vos dar o apoio de que precisam. Quem sabe se não há alguém desempregado e o dinheiro não chega. Pode ser que vivam num bairro pouco seguro ou os vossos amigos queiram levar-vos a fazer coisas que vocês sabem que não estão bem.

Apesar de tudo isso, as circunstâncias da vossa vida - o vosso aspecto, o sítio onde nasceram, o dinheiro que têm, os problemas da vossa família - não são desculpa para não fazerem os vossos trabalhos nem para se portarem mal. Não são desculpa para responderem mal aos vossos professores, para faltarem às aulas ou para desistirem de estudar. Não são desculpa para não estudarem.

A vossa vida actual não vai determinar forçosamente aquilo que vão ser no futuro. Ninguém escreve o vosso destino por vocês. Aqui, nos Estados Unidos, somos nós que decidimos o nosso destino. Somos nós que fazemos o nosso futuro.

E é isso que os jovens como vocês fazem todos os dias em todo o país. Jovens como Jazmin Perez, de Roma, no Texas. Quando a Jazmin foi para a escola não falava inglês. Na terra dela não havia praticamente ninguém que tivesse andado na faculdade, e o mesmo acontecia com os pais dela. No entanto, ela estudou muito, teve boas notas, ganhou uma bolsa de estudos para a Universidade de Brown, e actualmente está a estudar Saúde Pública.

Estou a pensar ainda em Andoni Schultz, de Los Altos, na Califórnia, que aos três anos descobriu que tinha um tumor cerebral. Teve de fazer imensos tratamentos e operações, uma delas que lhe afectou a memória, e por isso teve de estudar muito mais - centenas de horas a mais - que os outros. No entanto, nunca perdeu nenhum ano e agora entrou na faculdade.

E também há o caso da Shantell Steve, da minha cidade, Chicago, no Illinois. Embora tenha saltado de família adoptiva para família adoptiva nos bairros mais degradados, conseguiu arranjar emprego num centro de saúde, organizou um programa para afastar os jovens dos gangues e está prestes a acabar a escola secundária com notas excelentes e a entrar para a faculdade.

A Jazmin, o Andoni e a Shantell não são diferentes de vocês. Enfrentaram dificuldades como as vossas. Mas não desistiram. Decidiram assumir a responsabilidade pelos seus estudos e esforçaram-se por alcançar objectivos. E eu espero que vocês façam o mesmo.

É por isso que hoje me dirijo a cada um de vocês para que estabeleça os seus próprios objectivos para os seus estudos, e para que faça tudo o que for preciso para os alcançar. O vosso objectivo pode ser apenas fazer os trabalhos de casa, prestar atenção às aulas ou ler todos os dias algumas páginas de um livro. Também podem decidir participar numa actividade extracurricular, ou fazer trabalho voluntário na vossa comunidade. Talvez decidam defender miúdos que são vítimas de discriminação, por serem quem são ou pelo seu aspecto, por acreditarem, como eu acredito, que todas as crianças merecem um ambiente seguro em que possam estudar. Ou pode ser que decidam cuidar de vocês mesmos para aprenderem melhor. E é nesse sentido que espero que lavem muitas vezes as mãos e que não vão às aulas se estiverem doentes, para evitarmos que haja muitas pessoas a apanhar gripe neste Outono e neste Inverno.

Mas decidam o que decidirem gostava que se empenhassem. Que trabalhassem duramente. Eu sei que muitas vezes a televisão dá a impressão que podemos ser ricos e bem-sucedidos sem termos de trabalhar - que o vosso caminho para o sucesso passa pelo rap, pelo basquetebol ou por serem estrelas de reality shows -, mas a verdade é que isso é muito pouco provável. A verdade é que o sucesso é muito difícil. Não vão gostar de todas as disciplinas nem de todos os professores. Nem todos os trabalhos vão ser úteis para a vossa vida a curto prazo. E não vão forçosamente alcançar os vossos objectivos à primeira.

No entanto, isso pouco importa. Algumas das pessoas mais bem-sucedidas do mundo são as que sofreram mais fracassos. O primeiro livro do Harry Potter, de J. K. Rowling, foi rejeitado duas vezes antes de ser publicado. Michael Jordan foi expulso da equipa de basquetebol do liceu, perdeu centenas de jogos e falhou milhares de lançamentos ao longo da sua carreira. No entanto, uma vez disse: "Falhei muitas e muitas vezes na minha vida. E foi por isso que fui bem-sucedido."

Estas pessoas alcançaram os seus objectivos porque perceberam que não podemos deixar que os nossos fracassos nos definam - temos de permitir que eles nos ensinem as suas lições. Temos de deixar que nos mostrem o que devemos fazer de maneira diferente quando voltamos a tentar. Não é por nos metermos num sarilho que somos desordeiros. Isso só quer dizer que temos de fazer um esforço maior por nos comportarmos bem. Não é por termos uma má nota que somos estúpidos. Essa nota só quer dizer que temos de estudar mais.

Ninguém nasce bom em nada. Tornamo-nos bons graças ao nosso trabalho. Não entramos para a primeira equipa da universidade a primeira vez que praticamos um desporto. Não acertamos em todas as notas a primeira vez que cantamos uma canção. Temos de praticar. O mesmo acontece com o trabalho da escola. É possível que tenham de fazer um problema de Matemática várias vezes até acertarem, ou de ler muitas vezes um texto até o perceberem, ou de fazer um esquema várias vezes antes de poderem entregá-lo.

Não tenham medo de fazer perguntas. Não tenham medo de pedir ajuda quando precisarem. Eu todos os dias o faço. Pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, é um sinal de força. Mostra que temos coragem de admitir que não sabemos e de aprender coisas novas. Procurem um adulto em quem confiem - um pai, um avô ou um professor ou treinador - e peçam-lhe que vos ajude.

E mesmo quando estiverem em dificuldades, mesmo quando se sentirem desencorajados e vos parecer que as outras pessoas vos abandonaram - nunca desistam de vocês mesmos. Quando desistirem de vocês mesmos é do vosso país que estão a desistir.

A história da América não é a história dos que desistiram quando as coisas se tornaram difíceis. É a das pessoas que continuaram, que insistiram, que se esforçaram mais, que amavam demasiado o seu país para não darem o seu melhor.

É a história dos estudantes que há 250 anos estavam onde vocês estão agora e fizeram uma revolução e fundaram este país. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 75 anos e ultrapassaram uma depressão e ganharam uma guerra mundial, lutaram pelos direitos civis e puseram um homem na Lua. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 20 anos e fundaram a Google, o Twitter e o Facebook e mudaram a maneira como comunicamos uns com os outros.

Por isso hoje quero perguntar-vos qual é o contributo que pretendem fazer. Quais são os problemas que tencionam resolver? Que descobertas pretendem fazer? Quando daqui a 20 ou a 50 ou a 100 anos um presidente vier aqui falar, que vai dizer que vocês fizeram pelo vosso país?

As vossas famílias, os vossos professores e eu estamos a fazer tudo o que podemos para assegurar que vocês têm a educação de que precisam para responder a estas perguntas. Estou a trabalhar duramente para equipar as vossas salas de aulas e pagar os vossos livros, o vosso equipamento e os computadores de que vocês precisam para estudar. E por isso espero que trabalhem a sério este ano, que se esforcem o mais possível em tudo o que fizerem. Espero grandes coisas de todos vocês. Não nos desapontem. Não desapontem as vossas famílias e o vosso país. Façam-nos sentir orgulho em vocês. Tenho a certeza que são capazes.

"Uma vergonha de ensino superior"

Caríssimos queiram aceitar que partilhe convosco um pouco daquilo mancha as
instituições de ensino superior público no nosso país, de Tete em
particular.

Quando apareceu o ISPT em Tete, toda gente sentiu-se com alguma oportunidade
de aumentar os seus conhecimentos técnicos profissionais se bem que os
politécnicos tem uma filosofia de ensinar a saber fazer ou seja como se
fosse ensino técnico profissional.

A um ano atrás sentia-me lisonjeado por fazer parte do grupo dos pioneiros
daquela instituição no curso de CA nocturno e toda malta estava cheia de
energias para aprender e dar seu máximo.

O dilema começa quando na cadeira de contabilidade financeira I(cadeira
básica do curso) não nos era permitido usar o Plano Geral de Contas de
Moçambique. Reivindicamos tantas vezes perante o docente mas este
argumentava á sua maneira alegando vários motivos, entretanto, com o tempo e
após varias fontes acabamos sabendo que este é um refugiado Zimbabweano(não
tenho nada contra os filhos de Mugabe se bem que temos outros docentes da
mesma origem) e que mal se expressa em língua portuguesa, não conhece PGC
Moçambicano.

Estudantes que somos, íamos aguentando e aliviando as dúvidas por meio de
investigação ou com auxílio de colegas contabilistas. Até aí tudo bem, só a
situação veio agravar-se já no primeiro semestre de 2º ano na cadeira de
Contabilidade Financeira II, onde as lacunas trazidas desde a contabilidade
Geral e também da Financeira I, começaram a reflectir-se em grande escala ao
ponto de as 2 turmas não conseguirem resolver certos exercícios práticos da
cadeira.

Quase no fim do semestre, faltando 1 mês para o fim das aulas, uma das
turmas, por não estar conformada com a situação de não estar a perceber a
matéria da cadeira básica do curso, resolveu fazer uma exposição dirigida á
direcção (Comissão Instaladora) do Instituto explicando detalhadamente os
factos.

Esta, num tempo recorde, mandatou o director de curso nocturno para mediar a
situação entre a turma e o docente cujo resultado foi negativo
(desentendimento).

Os estudantes exigiam que este mudasse a sua metodologia de ensino no
sentido de transmitir da melhor maneira os conhecimentos a estes, mas a
contraparte (docente) não perdeu a oportunidade para duma forma agressiva,
rude e anti-pedagógica insultar os estudantes chamando-os nomes e no fim
decidir abandonar definitivamente a turma pois era composta por traidores.

*A direcção do ISPT, nada mais fez senão prejudicar intencionalmente a turma
toda decidindo por anular a cadeira com respectivos efeitos nas
precedências. A decisão claramente foi para crucificar quem reclama; será
esta uma decisão académica?*

* *

*O ABSURDO:** não foi tomada nenhuma sanção para o docente, o mesmo continua
a passear a sua classe e sempre goza com os estudantes prejudicados;
continua a dar aulas a outra turma dos não queixosos e para piorar ainda
deram a este mais confiança atribuindo-lhe duas cadeiras nomeadamente a
contabilidade Financeira III e contabilidade Internacional, onde os
estudantes estão sujeitos a terem 4horas consecutivas de aulas com o mesmo
docente (não será isso também anti-pedagógico?). *

* *

Pergunto, que contabilistas teremos nestas condições? Quando o estudante
pede para ter um docente que ensine devidamente é sancionado. E depois
reclama-se que a qualidade de ensino é baixa no País.



Compatriotas, este é apenas um cheirinho dos tantos e tantos problemas que
se vive nesta instituição que não dignifica em nada o ensino superior no
País; até onde vamos com este tipo de dirigentes que passam mais tempo a
viajarem, tratando negócios pessoais e quando vão aos gabinetes da
instituição é para prejudicar o pobre estudante que sacrifica os seus 100USD
mensalmente para pagamento de propina com intuito de adquirir algum
conhecimento científico.



Gostaria que este grito chegasse ás mãos do ministro Aires Aly e também ao
do ensino superior e tecnologia para que levem a peito e coloquem pessoas
com conhecimentos e capacidade para dirigir um politécnico. Acredito eu que
os verdadeiros académicos não trabalham desta forma atendendo que uma
universidade é local de formação de mentes.



Mais não disse.

Por Carlos Mahungu