segunda-feira, 30 de abril de 2012

Muita escrita, pouca qualidade


Por: Francisco J. P. Chuquela

Uma observação atenta ao grosso modo do que se escreve hoje sob alegação de estar-se a produzir obras literárias remete à noção da literatura antes do séc. XVIII, época em que toda a escrita, independentemente das formas, géneros e estruturas, constituía literatura.

Os jovens estão a produzir muita escrita “literária”, mas toda esta produção é neutra, reduzida a zero, porque os jovens têm muita avidez para escrever mas não leem. É impossível ser-se escritor de verdade com pouca ou nenhuma leitura, pois bons escritores leem muito mais do que escrevem.

Dizia o prof. Dr. Manusse a um grupo de estudantes de um curso superior de letras: “vocês, jovens, correm para escrever e não se lembram de ler. O resultado disso é que produzem rascunhos muito preliminares”. Então, a pouca/nenhuma qualidade que se regista na maior quantidade dos escritos literários do tempo presente deve-se à menor tendência de ler e maior de escrever.

É preciso inverter-se esta situação antes de se chegar a uma crise irreversível de qualidade nesta arena artística.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Camaradas traem camaradas e perde-se a camaradagem

Por: Francisco J. P. Chuquela

O Estado moçambicano é chefiado por um veterano da luta armada de libertação do país do jugo colonialista e, o seu governo é maioritariamente, se não completamente, constituído por militantes da mesma luta e da guerra dos dezasseis anos.

Durante os anos de guerra, eram milhares e milhares de militantes a jurarem entregar a vida em troca de um país livre da brutalidade, mas no fim da luta, foram arquitectados dois grupos: o dos heróis ou veteranos de luta, donos de privilégios e detentores do poder e, o dos desmobilizados de guerra ou antigos combatentes.

É que, depois dos conflitos armados, quando foram recolhidos e arrumados os instrumentos de guerra, foi também arrumado, à maneira de descartar, um número sem fim de militantes, alguns com deficiências física e psicológica, lavradas no combate pela pátria.

Na luta, com as armas a descarregarem o peso nos rostos de todos, chamavam-se de camaradas e eram unidos, segundo reza a história, pois lutavam pela mesma causa e defendiam os mesmos interesses, mas hoje há, por exemplo, um Alberto Chipande no topo e um Jossias Matsena ou Hermínio dos Santos nas cinzas.

Os desmobilizados de guerra, que antes eram perseguidores dos inimigos do país, hoje são espezinhados e perseguidos pelos antigos camaradas. Exemplo disso é a marginalização, pelas elites governamentais, e a violência, pelas autoridades policiais, aos desmobilizados de guerra, na vez de reivindicarem aquilo que julgam serem os seus direitos.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Ensino superior torna-se um dos grandes negócios do governo

Por: Francisco J. P. Chuquela

Quanto mais adulterado, deficiente e desprezível, a Educação Superior, em Moçambique, torna-se cada vez mais cara e um investimento impossível aos bolsos de baixa renda.

Exemplo concreto desta alusão é o comportamento da maior e mais antiga instituição do ensino superior no país, a Universidade Eduardo Mondlane, que vive criando barreiras aos moçambicanos de baixa renda que sonham com o nível superior de habilitações literárias.

Depois de agravar as taxas de matrícula e de inscrição por cadeira semestral em 400% no início do ano 2011, a Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, ameaçou, nos finais do mesmo ano, agravar, sem pré-aviso, em aproximadamente 800%, a taxa de renovação da matrícula.

Recorde-se que esses agravamentos estão a ser praticados por uma universidade pública numa altura em que as empresas dos sectores privado e público reclamam a mão-de-obra qualificada porque o ensino em Moçambique é fraco. A política educacional é desprezível e infantil. Chegam ao ensino superior estudantes que usufruíram de passagens automáticas nos níveis anteriores.

Deixando de lado a taxa da matrícula, que passa a custar 600.00MT, e o resto das formas de negócio que lá estão, se a inscrição por cadeira semestral custa 420.00MT, para um exemplo de sete cadeiras e as mensalidades do pós-laboral que chegam a passar 3.000.00MT com o salário mínimo nacional na casa dos 2000.00MT, o ensino superior é para todos?

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

País (pode) regressa(r) do abismo

Por: Francisco J. P. Chuquela

A Ciência, a Tecnologia e a Educação, mas principalmente esta última, são os sectores chaves na concretização dos objectivos de um país em vias de desenvolvimento. Um país que precisa de quadros com visão minimamente suficiente, não só para identificar oportunidades, mas também para explorá-las inteligentemente.

Na tarefa de formar quadros verdadeiramente competentes, este país estava de férias. Há aproximadamente uma década, o sector de Educação não se importa com o desempenho dos alunos para lhes graduar de um nível académico para o outro. Em suma: este sector importa-se com os resultados numéricos e não com a qualidade, empurrando, desta feita, o país para um abismo que seria possível evitar.

Neste país está-se numa situação em que basta mais meia década com o mesmo comportamento para se ver doutores e peritos analfabetos na tomada de decisões e na condução de uma nação que, com dirigentes competentes, é/seria merecedora e promissora de progressos inimagináveis.

Agora, os responsáveis por esta área bastante sensível da vida de um país devem ter colocado a mão na consciência e resolvido buscar formas de corrigir o erro enquanto corrigível, pois é curto o tempo que resta para que o erro seja incorrigível.

Pois sim que a conclusão mais imediata a que se chega em relação a decisão do Ministério de Educação, de parar as passagens automáticas é de que os dirigentes deste país só se apercebem do erro aproximadamente dez anos depois de comete-lo.

Mas vejamos que a abolição de passagens automáticas é, ainda, apenas uma decisão. Quem nos garante que isso irá à prática? Quantas decisões foram tomadas e não foram colocadas em prática neste país? O caso da cesta básica de que o governo engravidou e abortou muito prematuramente é uma recordação exemplar de nos emprestar a insegurança no concernente a eliminação das assassinas passagens automáticas.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Estudantes (não) sabem escrever no computador?

Por: Francisco J. P. Chuquela

“Ganhar a ciência para sermos capazes de mobilizar a natureza a favor do Homem” é apenas um tostão do que fora ditto pelo presidente Samora no âmbito de incentivar a concepção da ciência e tecnologia no país como forma de acelerar a construção do Moçambique pôs-independência.

Hoje a ciência e tecnologia ganha imensurável espaço no país, dando fôlego à globalização que se move a velocidade turbinada. Mas parece haver gente que fecha os olhos a esta tão presente manifestação científica que percorre o país.

Parte considerável de estudantes da maior instituição do ensino superior no país não sabe escrever no computador, facto que leva a corridas imparáveis quando há trabalhos de pesquisas cujos resultados devem ser dactilografados e entregues aos professores.

Nas casas de “internet café” há um valor estipulado que se paga para ocupar um computador durante um determinado tempo calculado em minutos. Além desse valor, a maioria de estudantes paga a mão de obra, isto é, a pessoa que vai manejar o computador em seu lugar. Ridículo, acho.

Os estudantes almejam concluir os seus cursos e conseguir afectação nas áreas de sua formação. Pergunto: qual é a área de trabalho que dispensa o uso do computador?

Falta de vontade de aprender
Para os estudantes que acabam de ingressar neste nível de ensino pode se esperar que se esforcem a assimilar o manejo dessas máquinas. Mas o que é que se diz daqueles que estão na recta final dos seus cursos ainda a olharem para os computadores com estranheza e ignorância?

Para quem se preocupa em aprender, não acho que um mês seja pouco para se aprender pelo menos digitar um documento no computador. Agora, o que se deve dizer de um estudante que leva quatro anos a depender dos outros para passar as suas ideias do manuscrito para dactilografado?

O mísero subsídio do idoso

Por: Absalão Zacarias Langa/Estudanre-UEM

Após vários ensaios no que concerne ao subsídio do idoso, o governo fixou em apenas 380 meticais como subsídio à pessoa da terceira idade, um subsídio que ainda está longe de satisfazer as necessidades dos idosos é de louvar a decisão do governo em ter aumentado o subsídio, mas de salientar que não é suficiente com a dinâmica da vida actual.

Estamos numa altura em que a economia do mercado é que dita as regras, o idoso não estará em condições de satisfazer as suas necessidades básicas alimentares, apesar de a alimentação já estar inclusa naquilo que podemos chamar de subsídio alimentar para o idoso, há necessidade de sustentar o idoso apesar da sua idade avançada, o que fará com que haja menos idosos nas ruas, pedindo esmola para o seu sustento, visto que a medida tomada não irá abranger a todos idosos.

Numa altura em que se aproxima o dia do idoso urge a necessidade de se pensar em programas sustentáveis e a criação de mais lares para idosos que são escorraçados do amparo das sua famílias e, os deixando à sua sorte.

O idoso de hoje, outra foi jovem que por vários motivos não conseguiu projectar o seu futuro ontem, dai encontramos muitos deles nas ruas, outros por causa da guerra e outros motivos.

É imperioso que se comece a pensar no idoso do amanhã, não deixando a cargo de quem por si só não tenha forças para correr atrás dos seus direitos, se descriminamos os idosos de hoje, amanhã acontecerá o mesmo com o jovem de hoje.

O subsídio dado pelo governo não chegará para nada, o idoso está a ser descriminado e, lhe tiramos o seu papel na sociedade igualando-lhe a um objecto inútil.

O idoso, por sua vez, tem um papel bastante importante na preservação da cultura e dos valores morais da sociedade, tendo em conta que muitos idosos são chefes de famílias ou responsáveis pela educação dos seus netos, tendo este contacto como um cordão umbilical alimentando a sociedade para que não se perca os valores e o legado cultural.

domingo, 21 de agosto de 2011

Direitos iguais entre homens e mulheres

Por: Castro Silvano Davane/Estudante-UEM

A dita igualdade dos direitos entre hmens e mulheres é, sem dúvida, uma autêntica fantochada. Falo do que se passa no meu país onde o que se vive é uma imparcial hegemonia do género feminino. É sim, uma supremacia em detrimento do sexo oposto.

Pergunto a mim mesmo: será que os criadores dessas leis vivem neste canto do mundo? Será que eles veem que essas leis estão a ser violadas? Respondo-me em forma de palpate onde chego a pensar que os professores dessas leis estariam, nalgum momento, estariam a compará-la com a dita e vulgar emancipação da mulher.

Recordo-me, com tristeza, duma história contada por um amigo meu, agente de ordem e tranquilidade pública, vulgo “cinzentinho”. Contava-me com alegria e com lábios quase rasgados de risos que na esquadra onde operava naquela noite apareceu uma jovem chorando, alegando que fora vítima de agressão física. Face a essa situação, a polícia agiu imediata e turbinadamente de modo a se achar o aggressor que era supostamente seu namorado e que logo em seguida fosse penalizado pelo acto bárbaro que cometera.

Eis o que me assusta quando se fala de direitos iguais entre os dois sexos: na mesma noite, naquela esquadra da polícia, apareceu um senhor com a cara bem inchada, gemendo de dores causadas pelas pancadarias da sua própria esposa e lá meteu a queixa. Como resposta, ouviu gargalhadas bem sintonizadas dos agentes que lá se faziam presentes, incluindo as do meu amigo.

Igualdade ou supremacia?

A vós, professores das leis moçambicanas.