Por: Francisco J. P. Chuquela
Uma observação atenta ao grosso modo do que se escreve hoje sob
alegação de estar-se a produzir obras literárias remete à noção da literatura
antes do séc. XVIII, época em que toda a escrita, independentemente das formas,
géneros e estruturas, constituía literatura.
Os jovens estão a produzir muita escrita “literária”, mas toda esta
produção é neutra, reduzida a zero, porque os jovens têm muita avidez para
escrever mas não leem. É impossível ser-se escritor de verdade com pouca ou
nenhuma leitura, pois bons escritores leem muito mais do que escrevem.
Dizia o prof. Dr. Manusse a um grupo de estudantes de um curso superior
de letras: “vocês, jovens, correm para escrever e não se lembram de ler. O
resultado disso é que produzem rascunhos muito preliminares”. Então, a
pouca/nenhuma qualidade que se regista na maior quantidade dos escritos
literários do tempo presente deve-se à menor tendência de ler e maior de
escrever.
É preciso inverter-se esta situação antes de se chegar a uma crise
irreversível de qualidade nesta arena artística.