segunda-feira, 30 de abril de 2012

Muita escrita, pouca qualidade


Por: Francisco J. P. Chuquela

Uma observação atenta ao grosso modo do que se escreve hoje sob alegação de estar-se a produzir obras literárias remete à noção da literatura antes do séc. XVIII, época em que toda a escrita, independentemente das formas, géneros e estruturas, constituía literatura.

Os jovens estão a produzir muita escrita “literária”, mas toda esta produção é neutra, reduzida a zero, porque os jovens têm muita avidez para escrever mas não leem. É impossível ser-se escritor de verdade com pouca ou nenhuma leitura, pois bons escritores leem muito mais do que escrevem.

Dizia o prof. Dr. Manusse a um grupo de estudantes de um curso superior de letras: “vocês, jovens, correm para escrever e não se lembram de ler. O resultado disso é que produzem rascunhos muito preliminares”. Então, a pouca/nenhuma qualidade que se regista na maior quantidade dos escritos literários do tempo presente deve-se à menor tendência de ler e maior de escrever.

É preciso inverter-se esta situação antes de se chegar a uma crise irreversível de qualidade nesta arena artística.

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